domingo, 26 de abril de 2009

um dia você vai conhecer uma mulher e vai dizer a ela morrendo de medo do silêncio que se prosseguirá "vem morar comigo" ela não vai dizer nada porque não espera nada de você e porque não sabe ao certo a medida das coisas e você vai dizer isso a ela morrendo de medo de ser precipitado morrendo de medo do que mais possa parecer e vai achar bonito que ela encha a casa de flores e de alegria e a cada manhã você dirá um Aleluia por ter essa mulher ao seu lado por assistir ao seu sono por sentir o cheiro da pele dela por roçar na pele dela por querer morrer só de saber que ela existe e que ela é maior que o seu medo que ela é linda que ela lhe tem amor e você não se pergunta se ela tem medo ou não porque de repente você se vê tão corajoso e tão forte e então você passa a achar que podem sobreviver a tudo juntos que podem crescer e mudar de casa e trocar de carro e a cada noite ela dirá que está com sono que o dia foi cansativo e você dirá Amém e pensará nela com a fé de uma prece e você vai vê-la adoecida com o rosto pálido e vai ter um medo danado da morte um medo danado do abandono e você vai pensar que o sentido das coisas mora nela e vai querer tê-la cada vez mais perto e vai se arrepender de todas as vezes que não soube dizer o quanto admirava seu rosto entristecido ao fim de cada dia e ela vai morrendo morrendo devagar e você também vai morrendo morrendo dentro dela fora de si dentro de si rodeado dela alagado dela e os dois por fim morrerão um dentro do outro lenta e dolorosamente as vidas vão dar uma tão pra dentro da outra