quarta-feira, 3 de setembro de 2014

(pra ser um fado II)

Num quarto de hotel
Numa festa
Na rua
Num bar
Em meio a tanta gente
Ainda esperas por mim?

Tens pressa?
Tens a certeza de que chegarei?
O que intuis na tua espera?
Ainda esperas por mim?

Vais me receber de coração aberto?
Ou só me esperas para devolver ressentimento?
Me esperas com desejo, paz ou desalento?
Ainda por mim esperas?

Se me vires
Reconhecerás em mim aquela da tua espera?
Quem esperas quando esperas?
Ai, se é por mim a tua espera
Eu nada posso prometer

Quanta coisa
Na vida e em nós já mudou

Depois que a gente
No mundo se espalha
A gente não sabe mais se recolher
E a gente fica vagando, peregrinando
Inquieto
Pensando se alguém nos espera
Em qualquer parte
Com qualquer querer
Lembrando de alguém
Que talvez nos espera
Amando ainda uma memória
De alguém que depois de tanto tempo
tanto trem
tanta estrada
e tanto mar
Já é outro alguém

Ai, se é por mim a tua espera
Eu nada posso prometer

Ai, se é por mim a tua espera
Eu nada posso prometer
(pra ser um fado I)


Estás condenado
A não amar ninguém

Estás condenado
À solidão

Estas condenado
Ao amargor
No berço da desilusão

Estás condenado
A não amar ninguém

Estas condenado
À solidão

Estás condenado
Ao desamor
Ao fado da resignação

Se não te encantas como eu
Se não balançam tuas mãos

Se não pereces no viver
Vais perecer neste vagão

A vida exige o mais de si
O amor exige doação

Se nao te entregas como eu
Estás fadado à solidão