terça-feira, 9 de dezembro de 2014

construíste
trapiches invisíveis
como dedos
sem me alcançar

traço rotas
me desoriento

só eu sei o que é 
ser navio e não saber ancorar

não vi teus dedos
nem os busquei
o oceano é imenso
e teus dedos, mínimos
sou cego cego
não sei ver nem ficar

e insisto bravio
na vida à deriva
barco querendo tempestade
costa dispensando quebra-mar

não há gentileza que me represe
prefiro a rudeza dos desenganos

sou uma empáfia
um gesto bruto
não sei ver nem ficar
Há tantas formas de se dizer adeus
O silêncio é uma delas

Há tantas formas de se dizer amor

O silêncio é uma delas

Ninguém ama aos berros

Ninguém parte sem emudecer

É no silêncio que se ama

É no silêncio que se parte

Amei mais

quando não disse pa-la-vra
Parti de fato
quando já não tinha mais força ou vontade para te fazer ouvir minha voz

Pode-se dizer adeus, pode-se dar muitos passos na direção oposta

Pode-se fazer declarações, pode-se virar do avesso para se demonstrar o que se sente

Mas no fim das contas

as coisas 
só acontecem
dentro da gente
(e lá dentro
as coisas acontecem
em silêncio)