sexta-feira, 28 de março de 2008

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Enquanto lias sobre a vida dos santos, eu procurava na incerteza das horas alguma resposta para teu alheamento. Lias e relias e talvez encontrasses respostas. O amor é uma sôfrega e contínua renúncia.

quinta-feira, 13 de março de 2008

diálogos I

E então você disse Vem morar comigo e eu disse Tenho minha família, não posso, não pode ser assim e você disse Também tenho, mas vivo só e eu preferia ser sozinho junto e eu disse Não temos dinheiro e você logo disse Onde come um, comem dois e eu disse Mas não é só isso e você disse Também posso lavar suas roupas, é só colocar tudo dentro da máquina, tão fácil e continuou Que tal comermos aqueles chocolates que te trouxe e eu disse Estamos na quaresma, espera a Páscoa, não falta muito e você disse que É sempre tempo de comer chocolates e de chupar sacolés e de fazer amor e eu disse Não faço questão dos chocolates ou de mais nada e você retomou o assunto dizendo Por que não vem morar comigo e eu disse Não gosto do seu bairro mas eu estava mentido e você se feriu e daí me disse A única exigência que eu faço é a de que moremos aqui, minha única condição e eu tentei dizer Há mais condições do que imaginamos e entre nós, principalmente, somos condicionais em demasia mas eu não disse e você se irritou Por que não diz logo que não quer morar comigo, que o problema sou eu e eu disse Não desvirtua a conversa e você me pediu para parar de gritar mas eu não estava gritando e você ficou bravo e começou a tremer e eu te vi tomado por tanta raiva que me arrependi de tudo e tive medo de você tão forte assim (há força nos faça mover mais que a raiva?) e não nos tocamos por três noites e faz quatro dias que não vejo teus olhos dentro deles mas não me sinto no direito de ficar brava.

sábado, 8 de março de 2008

da série 'pondo fim à hermeticidade do nocturnas', e a convite do querido Macir Caetano, olha eu, na semana de convidados do Blog de 7:

http://www.blogdesete.blogspot.com/

segunda-feira, 3 de março de 2008

de repente
era como se tudo fosse
Ana prestes a acontecer

sábado, 1 de março de 2008

cartas litorâneas II

penso nas razões que te levaram antes que o verão acabasse. ainda era pôr-do-sol quando cansaste de nossas buscas. suponho que tenhas te esforçado um pouco a fim de permanecer junto a mim, dentro das tardes que compusemos de areia, vento e mar. suponho que tenha te doído a verdade da partida.

(um vento forte de açoitar a pele, uma agressividade áspera sob a qual tantas vezes nos desfizemos em um par)

fomos tão breves que nem soubemos o fim. e tu dizias e não dizias as tuas razões e eu compreendia e não compreendia tua firmeza nelas.

mas chega um tempo em que esses e outros detalhes já não fazem diferença.