construíste
trapiches invisíveis
como dedos
sem me alcançar
traço rotas
me desoriento
só eu sei o que é
ser navio e não saber ancorar
não vi teus dedos
nem os busquei
o oceano é imenso
e teus dedos, mínimos
sou cego cego
não sei ver nem ficar
e insisto bravio
na vida à deriva
barco querendo tempestade
costa dispensando quebra-mar
não há gentileza que me represe
prefiro a rudeza dos desenganos
sou uma empáfia
um gesto bruto
não sei ver nem ficar
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