quinta-feira, 16 de abril de 2015

Prosopopeia
 
1) As paredes da casa espiam a minha solidão. Tecem uma conversa muda sobre como a casa não faz sentido sem Bruno. 

2) O sofá da casa se compadeceu. Abraçou-me solidário e desinteressado, ciente de que era um abraço incompleto, porque não era o abraço de Bruno.

3) As janelas estremeceram porque o vento gritava. O vento vinha me dar um recado, arrebatar-me na mesma entoada do desassossego que Bruno deixara, contar-me que um pouco do mundo partilhava da mesma inquietude. 

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