Gosto de ler histórias de famílias em decadência econômica e estrutural. Prefiro os decadentes aos emergentes, a quem tudo tem ares de novidade acesa. Sou dada a tradições e costumes bem marcados. Casarões abandonados, envoltos por grandes muros, limo nas paredes, rachaduras, jardins que se tornaram verdadeiros matagais. As mármores podem parecer intactas, mas há algo mais fúnebre e grandioso?
João hoje resolveu sair mais cedo, a manhã mal tinha despontado. Levou consigo um livro pelo qual nunca tinha tido interesse e comia uma maçã. A que horas terei João de volta? João demora? Convem ligar o rádio, bordar, fazer pães? O barulho da panela de pressão às nove da manhã é vulgar. Eu não suporto o cheiro dessas criadas. João deixou o carro, mas não sei dirigir.
Estou presa na ausência de João.
4 comentários:
pede pro luiz te emprestar a bracher que estou lendo. pura decadência.
e quem espera joão se pareceu tanto com minha mãe...
Nem adorei mesmo.
Benção do seu irmão.
eahuehauhaeuheuea
eu nem lembro como cheguei ao teu blog, a primeira vez. mas eu digo: você devia escrever um livro, que eu comprava.
érika dolly
tem um documentario muito bom, chamado "Grey's garden" dos anos 70...sobre mãe e filha que enlouquecem e passam a vida trancafiadas num velho casarão. Historia veridica. Elas são da familia Kennedy. Reflita ;D
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