quarta-feira, 26 de novembro de 2014

diz-se que ninguém é substituível. diz-se que todos são substituíveis. substitui-se o lugar, o cargo, o título, a função, o espaço, não a presença, o olhar, o intangível. e te conheço tão odiosa e profundamente, a ponto de saber que haverá, sempre, dentro de ti, a marca de minha ausência. digo isso não somente por quem eu sou, mas por quem és. és um tipo mesquinho de homem: o tipo que não se dá. mas quanto a mim ensaiaste, projetaste ser um homem melhor do que és. sem sucesso. te ostentavas firme e inabalável. e eras. porque passaste pela vida anestesiado, em constante negação. não eras forte, eras apenas alheio. eu não. eu me firo com o mundo, eu me desmancho, eu me refaço, eu incalculáveis vezes renasci. e tu te atraías, mesmo sem se dar conta, por essa verdadeira força: a força que é não ser imune, mas resistir. tu te atraías pelo desafio das nossas diferenças. ou melhor: a princípio, tu não vias desafio em mim. apenas distração. só muito depois é que viste desafio, quando, para mim, tu já eras somente distração.

depois de me perder
eis tua autocondenação:

nunca
nada nem ninguém no mundo
além de mim
terá minha pulsação

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