Estou aqui, inerte,
mas com algum esforço, 
você me vence
não como uma conquista, de sua parte
ou uma concessão, de minha
mas como uma decorrência lógica
do teu esforço
- como se não fosse permissão nem domínio
Lembro alguma coisa do teu rosto
lembro que tem a pele marcada
e, o que poderia me causar repulsa, 
me provoca interesse.
Porque há mais história,
na imperfeição
Sou capaz de te amar
e é capaz que eu te ame
como poderia amar a qualquer um 
e é capaz que eu te coroe com meu amor
como poderia coroar a qualquer um 
apenas para exercitar 
um talento abandonado
para falar uma língua morta,
por pura excentricidade
É capaz que então eu veja em você
a beleza que eu vejo nas conchas feias,
que mesmo assim recolho e guardo
e o que era sem contexto e sem sentido
é ressignificado.
Por isso é que, mais tarde, 
é difícil devolver ao mar a concha
sem nenhum pesar
Só não quero guardar nem espuma
quando, depois do tempo do encontro
eu tiver que te atravessar
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