sábado, 1 de março de 2008

cartas litorâneas II

penso nas razões que te levaram antes que o verão acabasse. ainda era pôr-do-sol quando cansaste de nossas buscas. suponho que tenhas te esforçado um pouco a fim de permanecer junto a mim, dentro das tardes que compusemos de areia, vento e mar. suponho que tenha te doído a verdade da partida.

(um vento forte de açoitar a pele, uma agressividade áspera sob a qual tantas vezes nos desfizemos em um par)

fomos tão breves que nem soubemos o fim. e tu dizias e não dizias as tuas razões e eu compreendia e não compreendia tua firmeza nelas.

mas chega um tempo em que esses e outros detalhes já não fazem diferença.

7 comentários:

Pablo disse...

"And she chose a yard to burn
But the ground remembers her"

(Passing Afternoon - Iron & Wine)

Julya V. disse...

samia, que visita boa. como me achou?
um beijo prometendo uma visita mais demorada para ler com atenção as tuas linhas.

Carol disse...

ih, ficou legal por aqui, hein!

ai, esses amores q acabam antes do verão. nem dá pra comer de seus frutos outonais e deixar a fome só pro inverno...

Luiz Vieira disse...

'dentro das tardes que compusemos de areia, vento e mar.'

AH, MAR! pelo menos o temos conosco (será?!)

imagina compor tardes brutas de cimento vidros ares estagnados águas podres pessoas sujas?

preciso tropeçar mais aqui, em devaneios esplêndidos.

Madame S. disse...

ensino, ensino, ensino
ensino o que quer que me pedires, Flor

júlia disse...

e aquelas partidas que não se sabem e a última palavra não é uma despedida, mas alguma coisa amena, alguma coisa não dita, alguma coisa que não sabe se despedindo,
isso às vezes me atormenta, como se vai sem se ir, também,

--
obrigada pela visita,

Anônimo disse...

Nessa tarde eu precisava ler isso.
Agradeço a você pelos momentos que chamo inesquecíveis...
Volto mais vezes.